sábado, 15 de setembro de 2007

Ceplac é contra a adição de outro tipo de gordura vegetal ao chocolate.

Quinta-feira, 1 de Junho de 2000

Ceplac é contra uso de gordura vegetal na fabricação do chocolate

Pedro Carvalho

A Ceplac mantém posição contrária à substituição de 5% da manteiga do cacau por gorduras vegetais hidrogenadas, na fabricação do chocolate. A alteração foi aprovada pelos países da União Européia. A medida, porém, não deverá atingir significativamente a economia do setor cacaueiro no Brasil, já que a maioria das exportações realizadas pelo sul da Bahia é destinada para o Mercosul, o Japão e os Estados Unidos, nações que devem manter a atual composição.

O diretor nacional da Ceplac, Hilton Duarte, acredita que a adição de gorduras não derivadas do cacau no chocolate deve adulterar o produto. Ele lembrou que a nova composição deverá constar nos rótulos, se utilizada; valorizando, assim, o "verdadeiro chocolate", com qualidade e tradição de uso de matérias-primas do cacau combinadas com produtos lácteos, açúcares, emulsionantes ou aromáticos, todos produtos permitidos pelo Codex Alimentarius, código de composição dos alimentos, geralmente adotado à nível internacional.

Duarte destacou que em alguns países que permitem o uso de gorduras substitutas, como é o caso da Suíça, muitas indústrias já informaram que não pretendem utilizá-la como opção, para não comprometer a qualidade e o sabor do chocolate. Segundo o diretor, é preciso definir, no caso da utilização da substituição da manteiga do cacau, um método capaz de aferir o teor real de gordura no chocolate, já que, para ele, ao nível de 5% ainda não existe um instrumento eficaz.

No Brasil, existe uma resolução que proíbe a adoção de outra gordura no chocolate que não seja a manteiga do cacau. A posição se mantém. Duarte afirmou que se todos os países do mundo aprovassem e utilizassem os 5% de gordura vegetal, isso poderia provocar uma redução no consumo de cacau, no planeta, da ordem de 200 mil toneladas ao ano. A resolução da União Européia, para ele, deve provocar uma queda anual de 50 mil toneladas no consumo do fruto. Hoje, a produção mundial é da ordem de três milhões de toneladas.

A produção brasileira de cacau está hoje em cerca de 160 mil toneladas por ano, cerca da metade produzida na década de 80. A redução foi proporcionada pela vassoura-de-bruxa, que contribuiu, junto com a queda dos preços no mercado internacional, para a crise no setor. A descoberta de clones resistentes à doença mostram uma saída para a cultura, com perspectiva de retomada do crescimento da lavoura. A expectativa é de que em 2002 as exportações de cacau do Brasil dupliquem, chegando a 150 mil toneladas ao ano.

http://www.umaoutravisao.com.br/chocolate.html